domingo, 13 de fevereiro de 2011

"No fim tu morres, e é assim que vou saldar as nossas contas"

O teu corpo quente escalda e arde enquanto a minha língua te sobe espinha acima até ao pescoço torcido do qual os meus dentes tentam arrancar vida, não devagar mas coma força do amor que nos une os corpos. Abraço-te por trás, as minhas mãos frias e ósseas a percorrem cada milímetro teu, a tua barriga contrai febril e o teu coração salta do peito de que me apodero. Os meus dedos apertam-se contra a tua pele viva e viram-te de frente para mim deixando-me ver-te os olhos... esses grandes olhos castanhos e brilhantes da doença de toma conta de nós, esses olhos que espelham a tua alma ali presos nos meus, a minha respiração descontrolada a entrar dentro de ti e a aspirar a vida do teu corpo. É então que a minha mão responde ao que o teu batimento cardíaco pede e sinto-te tremer e suspirar, a tua alma e o teu corpo são meus, tudo de ti me pertence até às suas mais profundas entranhas. Caio sem força sobre o teu peito e adormeço ali... não sei quanto tempo assim estivemos, os corpos amarrados e enterrados um no outro como um só. Quando abri os olhos novamente vi-te dormir ao meu lado... a mais perfeita criatura, adormecida num sono profundo. Os raios claro da madrugada entram pela frincha e pintam-te o corpo de uma cor que não existe no mundo: de paz. A minha mão sobe até ao teu pescoço e encosta-lhe a lâmina que agarra ao de leve... "És perfeita", penso e inclino-me para ti, beijo-te os lábios devagar ao mesmo tempo que deixo o peso do meu corpo enterrar a lâmina em ti e o sangue que outrora percorrera cada uma das tuas veias escorre sem pedir... e eu juro, meu amor, que ainda te ouço suspirar a última vez.

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