sábado, 28 de fevereiro de 2009

Este lugar (que é só teu)

Eu nunca tive medo do inesperado – até te encontrar.
É disparatada e irracional a forma como eu deixo que me sufoques e te apoderes de mim, é injusto o modo como me contagias e derretes com um sorriso e com essa personalidade da qual só tu és dono, e eu sei que devia ter calculado estes efeitos irreversíveis e ter feito tudo com muito mais coerência, mas a culpa é tua, a culpa é tua por seres tão doce assim e me deixares fraca, a culpa é tua por me percorreres o coração e a alma e me levares a lugares que eu nunca vi, por me tirares a lógica e levares de mim todo o senso e razão sempre que me lanças esse olhar profundo e sem fim.
Eu nunca tive medo do inesperado – até te encontrar.
Mas hoje acordei uma pessoa diferente, hoje vou deixar para trás as lágrimas e o medo, não vou olhar para os lados nem hesitar mais, hoje vou ser só tu e eu outra vez, como quando os nossos olhares se trocaram pela primeira vez. Hoje todos os fantasmas me largaram, todos se desvaneceram e deixaram tudo livre para ti, para que só tu ocupes este lugar – este que sempre te pertenceu.
E mesmo que um dia voltem, mesmo que um dia todo aquele velho medo se volte apoderar de mim, não importa mais: eu sei que vais lá estar para me proteger e me abraçar, sei que vais lá estar para enfrentar todos aqueles fantasmas do meu lado. Porque por nós, vale sempre a pena.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

"Eles começaram a rir, e espancaram o velho índio até não poder mais.

E antes de morrer ele pensou: "Essa tribo é atrasada demais... Eles querem acabar com a violência, mas a paz é contra a lei e a lei é contra a paz"
E o cachimbo do índio continua proibido, mas se você quer comprar é mais fácil que pão: hoje em dia ele é vendido pelos mesmos bandidos que mataram o velho índio na prisão."

Gabriel, o Pensador

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Mata-me outra vez

22.Jan.2009

João Rema,
Passaram-se seis meses, mas pareceu correr tudo mais depressa do que nós, passaram-se seis meses e ainda não tive tempo de me acostumar aos segundos sem a tua cabeça a guardar o meu corpo, passaram-se seis meses e, aos meus olhos, as coisas ainda passam por mim à velocidade da luz quando o teu cheiro me envolve e me mata – outra vez.
Não sei como pode alguém ser como tu, não sei como é possível existir vida no meio de tanto primor, não sei, já ninguém sorri assim, já ninguém anda nem fala como tu, já ninguém tem tanto amor secreto para oferecer, já ninguém tem o poder de me dar a volta à cabeça e de me cortar a respiração como tu – como só tu.
Passaram-se seis meses e continuas a encher-me de orgulho quando me dás a mão e fazes com que todos vejam que somos como um só, passaram-se seis meses e o teu perfeito alinhar de dentes continua a fazer-me magicar e ansiar por um resto de vida do teu lado, por um resto de vida com os nossos corpos e as nossas almas entrelaçados como um só – como só nós. Não, já ninguém tem um coração tão grande nem um sorriso tão aberto como tu, já ninguém tem uns olhos tão infinitos nem umas mãos tão protectoras como tu, já ninguém respira nem se move como tu – como só tu.
Passaram-se seis meses e descubro a cada milésima de segundo em que os nossos olhares se trocam que continuo a tremer de cima a baixo quando ouço o teu coração em sintonia com a tua voz junto do meu peito, passaram-se seis meses e continuo a queimar-me de amor, continuo a queimar-me de tudo o que esse teu coração tão desmedido e esse teu sorriso tão aberto têm para me oferecer, continuo a morrer por essa maneira como o meu coração se sincroniza ao ritmo da tua respiração e dos teus perfeitos batimentos cardíacos. Passaram-se seis meses e continuas a matar-me, sem que eu me importe. Passaram-se seis meses e continuo a implorar para que o tempo pare, continuo a implorar para que me mates – só mais uma vez.
Sempre tua,
V @