domingo, 30 de março de 2008

Não sou mais dona das Coisas , dos Instantes , e dos Outros .

Antes eu tinha saudades. Saudades da criança que fora, dos amigos que tivera, da vida que vivera. Ficava horas, por vezes dias, fechada no meu quarto, naquele lugar escuro mas onde eu me sentia protegida, a pensar e repensar todos aqueles momentos em que éramos Um. " Tu protegeste-me, acalmaste-me, ouviste-me e ajudaste-me. " E fechada naquele quarto pensei que tinha perdido tudo isso, que já nada voltaria ao que fora, que eu morrera, ali sozinha sem ti. Mas naquele dia em que abri a janela e em que, não posso negar, doeu, eu percebi que nada perdera. E " Sei-te de cor, pelo menos tudo aquilo que me mostraste. Não esqueci nenhum segundo dos nossos momentos. " Porque tu nunca deixaste de estar lá.

" Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre. "

P.S. ( When you were gone , I was feeling your absence . Today I don't feel a bit of longing . You are in my heart , and that don't go way . )

sábado, 29 de março de 2008

Havana .


Não tenho bem a certeza, porque a queda fez-me esquecer muitos dos pormenores.

Naquela noite era Verão. Mesmo sem certezas do dia ou do mês, consigo ainda sentir que era Verão. O cheiro da água salgada, da areia doirada e da humidade quente no ar são impossíveis de esquecer. Era uma noite quente, e as estrelas brilhavam de mil Brancos diferentes no céu. Estava sentada na areia, e apesar de não conseguir ver o rebentar das ondas devido à escuridão, conseguia ouvi-lo. Era um som aconchegante, e eu estava feliz por estar ali, a respirar aquele ar, aquele cheiro a terra, a vegetação, a gente daquele lugar. Acima de tudo, estava feliz por estar ali. Contigo. Olhaste para mim, e sem uma única palavra conseguiste por-me a dançar. A música entrava dentro de mim, e não sei como nem porquê, eu dançava. Dançava como nunca antes dançara, sentia os ritmos daquele lugar, e o rebentar das ondas entrava na harmonia das notas musicais. E tu dançavas comigo, e estávamos livres. Éramos só tu e eu, naquele lugar, naquela noite de Verão, onde as estrelas Brancas eram luz, eram uma espécie de poetas, e nós éramos somente a caneta com que elas, docemente, escreviam versos ao Amor.
Não tenho bem a certeza, porque a queda fez-me esquecer muitos dos pormenores. Mas Amor nunca se esquece.
P.S. Te quiero Havana ,The rhythym' pumping in my heart . ( Represent , Cuba ) .

domingo, 23 de março de 2008

" Uma história , Um amor , Muitos caracteres , Nenhum final feliz . "


Ultimamente, tenho-me sentido diferente.


Tenho reparado que, nos últimos textos que escrevi, tudo está mudado, as palavras não são as mesmas, a intensidade da dor diminuiu. E é assim que me tenho sentido, porque já nada está como antes. Nos últimos tempos tenho sentido um alívio enorme dentro de mim, tenho sentido que a agonia devido ao sentimento que nutria diminuiu, não me tenho sentido sufocada. E isso é bom, sinto-me leve, sinto-me bem. Mas sinto que perdi também parte de mim, parte do que eu era. Eu tinha um lado escuro, um lado que conseguia ser muito cruel com inocentes, um lado que que eu não tinha a certeza pertencer ao meu ser. E foi quando me deparei com os meus dois lados, com as minhas duas formas de pensar, que entrei Em Definição.

Lembras dos textos que escrevi para ti? Lembras do lado que eu tinha, um lado igual a ti? Lembras da arrogância com que te falava? Sim, eu sei que lembras, porque apesar de grande parte da minha dor ter sido causada por ti, tu foste também o meu grande ombro, o meu grande apoio. Foi contigo que chorei, e foi por ti também que o fiz.

Mas hoje as lágrimas secaram, e não sei se foi influência do tempo, ou influência de novos lados, novas experiências. E sim, tu ainda me pesas, mas não sei porquê, a verdade é que hoje tu não me sufocas, tu hoje és um confidente, és a pessoa com quem posso contar para tudo, és quem me dá o maior de todos os apoios.

Apesar do que eu sentia, apesar da dor que tinha quando te via, quando te falava sem te poder tocar, sabendo que jamais tudo voltaria ao que era, tentei sempre manter as nossas conversas, manter a nossa relação, porque eras demasiado especial. E estou contente por ter conseguido algo que antes nunca havia realizado. Consegui manter uma coisa muito melhor, apesar do que o meu coração pedia, apesar de a minha dor me afastar de ti, porque eu não queria sofrer mais, eu não queria. Mas sofri, sofri por nós, porque o que temos agora mereceu isso.

Foi há meio ano. E hoje posso dizer-te que tudo valeu a pena. Hoje não me sufocas. Hoje este texto não é para ti. É para a nossa história. É para a minha Felicidade.


P.S. I remember feeling low , I remember losing hope , And I remember all the feelings and the day they stopped .

quinta-feira, 20 de março de 2008

João Pedro .








" Vera… Eu sei que às vezes sou um chato … Mas, Vera, já nos conhecemos há 13 anos! Já viste? Muito tempo... Nesses 13 anos houveram tempos bons e maus para nós… Tempos em que nós passávamos um pelo outro e não dizíamos nada… Mas também tempos em que nós passamos os intervalos juntos, a rir, eu a trincar-te a tua bochecha gostosa cheia de creme que depois ficava com a boca a saber a cosméticos, intervalos em que eu chegava a tua beira e tu dizias que eu cheirava a café da maquina, intervalos em que tu me davas conselhos, intervalos que me davam gozo ao saber que ia estar contigo… Lembras-te dos nossos jantares e festas em casa da Anabela?, onde ficávamos nós num canto a falar de coisas minimamente importantes como o estado do tempo, mas que para nós eram as coisas interessantes, festas onde nós começávamos a fazer o comboinho e onde adormecíamos de cansaço, um ao lado do outro… A nossa vida era tranquila. Isto para dizer que és uma pessoa única, essencial para mim, que te adoro, que não consigo viver sem ti, que mesmo quando te chateio não é com má intenção… Mas sim para ver a tua bela cara de furiosa… És a amiga que toda a gente quer ter. És simplesmente uma pessoa que eu adoro e venero… Amo-te Vera Matias de Magalhães .
Do sempre teu: João Pedro Fonseca "
Que mais mil 13 anos estejamos juntos. Amo-te.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Ama






Ama.

Ama as lembranças que tens dessa infância, aquelas mil e uma poças de lama, e todas as quedas de bicicleta. Ama o dia em que havias sido criança, o dia em que achaste que o teu pai era o maior e melhor homem do mundo. Ama adormecer com as doces palavras de Boa Noite, ama os domingos em família. Ama correr atrás das borboletas, ama sujar a t-shirt mais branca do teu armário, ama o sorriso do teu amigo, ama. Ama todos os teus aniversários rodeado pela família, ama todas a canções que cantaste, ama os teus doze, treze, catorze e quinze anos e ama ainda mais o teu primeiro animal de estimação. Ama as cadeiras pequeninas da pré-primária, ama as cadeiras grandes do segundo ciclo e ama ainda mais a tua professora mais resmungona. Ama os abraços à tua mãe, ama os desenhos que desenhaste, mas ama ainda mais aqueles que foram desenhados para ti.

Ama os teus medos, ama essa velha infância, o teu presente e o que está ainda para vir. Ama somente, e com o passar do tempo, começa tudo de novo, mas dessa vez ama ensinar alguém a amar.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Irmã.


Nos últimos tempos, tenho-te visto somente ao longe. Sim, a verdade é que te digo Olá, mas isso não é nada associado à nossa amizade, não é nada, e tu sabes. O teu abraço de conforto, as tuas palavras de que Tudo vai ficar bem, a tua mão nos piores momentos e os teus conselhos em todas as situações fazem-me falta. Aliás, fazem-me mais que falta, porque tu já não és somente a minha amiga, tu és mais que isso, tu és minha irmã.

E és das poucas pessoas que quero guardar para toda a vida. Nos últimos tempos, tenho-te visto somente ao longe. E quero pensar que isto é somente mais um obstáculo pelo que a nossa amizade está a passar, quero pensar que tudo vai voltar a estar como antes, quero mesmo pensar que sim, que vais aqui estar para sempre. Porque necessito da tua presença. E sempre que penso na mínima hipótese de te perder, sinto uma enorme sensação de vazio, porque tu já não és somente a minha amiga, és a minha irmã. Quero que tudo volte ao que era, porque tudo o que passamos juntas é perfeito. Porque posso chamar-te de melhor amiga, e isso não quero perder nunca.

Nos últimos tempos, tenho-te visto somente ao longe. Mas amanhã vou dar-te um abraço, e dizer que Tudo vai ficar bem.
" Nunca vou para de te olhar " .

terça-feira, 4 de março de 2008

Razão.


" Sem ti este lugar parece-se com Londres, chove todos os dias. "


Agora já não chove mais. A cor mudou, o preto esbateu-se e consigo ver uma ponta de luz, o cinzento está a tornar-se Branco.

Branco outra vez. E agora estás comigo, como nunca deixaste de estar.


E sem o meu abraço, és somente metade de um corpo, e juro-te que não é tarde. Nunca foi, nem nunca será tarde, porque tu és o único com quem posso chorar. És o único que quero para mim, és o único. E talvez não tenhas nada de diferente, mas para mim, és o único.

Houve tempos em que te senti distante, em que senti que já nada era para ti, em que senti que estavas a desaparecer, e esses foram os piores tempos, os tempos em que me atormentavas como uma fantasma, em que eu nada era mais que um vulto. Os tempos em que estive sozinha, os tempos em que chorei sozinha.

Mas a verdade é que nunca me abandonaste, estiveste sempre lá, esperando a melhor altura, o melhor momento.

E agora eu sei que nunca estive só, e que nunca o estarei, porque tu és o único com quem posso chorar, és o único.

E nunca deixei de escrever para ti, porque tu também nunca deixaste de ser o único que me dava força para seguir em frente. E nunca deixei de estar para ti, porque tu sempre foste o único.

E sinto-te de novo comigo, sinto que posso de novo confiar em ti. Encontrei uma Razão para voltar a sorrir, para mudar de cor. O Branco aproxima-se. Sinto que a pessoa que foste quando me deixaste só se foi, e isso traz-me uma enorme felicidade, porque sei que acima de tudo, estás bem.

E sei que sem o meu abraço, és somente metade de um corpo.


" Fecha-me no teu abraço, e diz-me que será para sempre. "

domingo, 2 de março de 2008

Eternidade.


" Ninguém tem amigos do secundário. As pessoas adultas que vemos, têm amigos do trabalho, e alguns da Universidade! "


Sim. Tudo o que vivemos agora talvez não passe de uma perda de tempo.

Aquele a quem chamamos de Melhor Amigo, daqui a uns anos pode não passar de um colega de escola, e pode ser somente a pessoa a quem dizes Olá na rua.

As pessoas a quem terei o privilégio de chamar amigo daqui a uns anos, serão talvez somente aqueles com que me deparei enquanto adulto, aqueles com quem me deparei quando os problemas surgiram, e quando a vida real surgiu.

Ou talvez daqui a uns anos nem sequer tenha amigos, talvez isso seja só coisa de criança.
Ou talvez me case, e passe a ter apenas quem dorme comigo todos os dias e se senta comigo à mesa numa rotina. Talvez daqui a uns anos tudo não passe de uma monotonia, e é disso que tenho medo, é contra isso que sempre tentei lutar, e à medida que compreendo o mundo, à medida que desenvolvo o meu Eu, sinto que essa monotonia está cada vez mais perto, porque o relógio não pára, não dá tréguas, e isso sufoca-me. Saber que não posso fazer nada, saber que tenho somente um tempo.

Não quero que nada mude. Gostava que tudo ficasse assim eternamente, mas a eternidade é somente um conceito filósofo, que se refere no sentido comum ao tempo infinito.

E ambos sabemos que isso não existe. Que nada é para sempre.

E talvez não deva ter medo, talvez quando chegar a altura eu nem repare, talvez aconteça naturalmente.

Mas a verdade é que o tenho, e preciso de ti. Porque mesmo que te vás, sei que serás o único que permanecerá.

Eternamente.