segunda-feira, 23 de junho de 2008

Para Romeu.

Romeu,
Juro que não é mais uma das minhas banais decisões. Hoje tenho a certeza do caminho que devo seguir, e no fundo sempre tive, mas tinha receio de avançar, e eu era fraca e tinha medo, tinha medo de admitir o que era o melhor para mim. Os últimos meses não foram um desperdício de tempo e de sorrisos, não foram de facto nada do que as pessoas pensam, mas na verdade sou muito diferente de ti e não me importo nada com o que as pessoas pensam, na verdade nunca tive paciência para lhes explicar a verdade nem para arranjar palavras bonitas para o descrever, nunca me importou o facto de eles te acharem horrível para mim porque eu não achava, porque tu eras tudo de mim e tudo o resto era secundário.
Sendo a última, devia ser a mais bonita e chorosa carta de amor, sendo a última desta história devia dizer-te tudo o que me vai dentro e lembrar-te de todos os erros, mas já não tenho paciência também para encontrar palavras bonitas para descrever isso ao que chamam de amor, porque a maioria delas já as desperdicei para ti, porque também eu estou cansada e hoje juro que não é mais uma das minhas banais decisões, não tenho mais paciência para correr e decidi tomar o rumo contrário, decidi não perfurar mais esta ferida que trago cá dentro. Foi o tempo, e não tu, que tornaram as minhas lágrimas mais espessas e difíceis de sair, o tempo e aquilo no que eu me tornei, e não sei se deva orgulhar-me disso, na verdade talvez eu seja muitas coisas que não sei e que não queria ser, talvez seja demasiado emotiva e obcecada pelas coisas como eles dizem, e eu não queria ser assim, de facto isso vai contra tudo aquilo pelo que lutei, mas estou cansada de lutar, e há muito que isto não passa de uma farsa.

A Julieta morreu, morreu lentamente porque tu assim quiseste, e tu estás mais vivo do que nunca. Talvez não fosse assim que tivesses imaginado o final da história, talvez pensasses ser o único com controlo e decisão, mas passas-te por cima de muita coisa para que pudesses acordar e hoje apeteceu-me ser mais parecida contigo e fazer o mesmo, passar também por cima de muita coisa e acordar, e renascer. E sim, talvez um dia venhas matar saudades dela, talvez um dia escrevas outra vez para a Julieta e não para ti, e talvez um dia haja uma nova história para contar, talvez. A Julieta morreu, morreu lentamente porque tu assim quiseste, e mesmo que numa tarde calma venhas matar saudades e escrever para ela, não vais obter mais resposta nem palavras bonitas, porque ela morreu e esta é a última, a última de todas as cartas.


Com eterno amor.

3 comentários:

Anabela Magalhães disse...

Olha lá, ó Julieta... se volto a encontrar aqui um texto destes até te penduro pelos pés como te fazia em criança!!!!

Mαriα Moitα disse...

Lindo.
Adorei.

R. Branco disse...

Desculpa.
se por vezes não sou o Ricardo que esperas.

Este Chorou.me