Tenho cerca de cinco horas até ao esgotamento total dos trinta e um dias que me restavam. Não é que existam resultados, na verdade. Já não é o álcool ou a frustração da exactidão, já não são as merdas em que mergulhei nos últimos tempos, já nem sequer és tu... Eu cresci e percebi que afinal o mundo não é um bom lugar para nos mostrarmos vulneráveis, e em parte devo-o a ti. Eu costumava falar demais e tu nunca me ofereceste uma palavra - sorrias simplesmente, sorrias como ninguém, um sorriso só teu que significava "Tu não me conheces nem um bocadinho, nem vais conhecer", um sorriso que me deixava de rastos, que fazia de ti o objecto da minha obcessão. Ultimamente tenho percebido que talvez nem sejas uma pessoa - destrois tudo aquilo em que tocas, e isso faz-te feliz. Eu cresci depressa, cresci mais nestes cinco meses do que no resto do ano inteiro e a culpa é tua. Mas daqui a umas horas vai estar tudo a beber champagne e a comer uvas passas, daqui a umas horas este foi só mais um ano para esquecer; daqui a umas horas vai deixar de ser Dezembro, e aida que a chuva não pare, eu vou parar. Ainda que o tempo esteja contra mim, eu quero que tu te fodas e que 2009 tenha realmente sido o teu ano, o teu momento. Porque 2010 vai ser o meu. quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
É Dezembro e (ainda) está a chover.
Tenho cerca de cinco horas até ao esgotamento total dos trinta e um dias que me restavam. Não é que existam resultados, na verdade. Já não é o álcool ou a frustração da exactidão, já não são as merdas em que mergulhei nos últimos tempos, já nem sequer és tu... Eu cresci e percebi que afinal o mundo não é um bom lugar para nos mostrarmos vulneráveis, e em parte devo-o a ti. Eu costumava falar demais e tu nunca me ofereceste uma palavra - sorrias simplesmente, sorrias como ninguém, um sorriso só teu que significava "Tu não me conheces nem um bocadinho, nem vais conhecer", um sorriso que me deixava de rastos, que fazia de ti o objecto da minha obcessão. Ultimamente tenho percebido que talvez nem sejas uma pessoa - destrois tudo aquilo em que tocas, e isso faz-te feliz. Eu cresci depressa, cresci mais nestes cinco meses do que no resto do ano inteiro e a culpa é tua. Mas daqui a umas horas vai estar tudo a beber champagne e a comer uvas passas, daqui a umas horas este foi só mais um ano para esquecer; daqui a umas horas vai deixar de ser Dezembro, e aida que a chuva não pare, eu vou parar. Ainda que o tempo esteja contra mim, eu quero que tu te fodas e que 2009 tenha realmente sido o teu ano, o teu momento. Porque 2010 vai ser o meu. terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Emma Johnson.

Afinal quem és tu, Emma Johnson? O teu cabelo louro a acariciar-te as costas, os teus olhos sem fundo como se quisesses descobrir o eu de todos para quem olhas. Os teus vestidos beges a contrastar com a tua pele de mel, as tuas calças apertadas a realçar as tuas pernas esculturais. E a tudo isto se junta o fumo que dança do cigarro aceso nos teus compridos dedos, hora sim, hora não. De onde vens tu, Emma Johnson? Quem és tu?
Levantei-me, já tarde. As noites mal dormidas desde essa tarde de Julho em que te coroaste proprietária de mim obrigam-me a prolongar o sono pela tarde fora. Arranjei-me mais bonita do que nunca, agarrei em meia dúzia de cds que estavam na mesa da cozinha e enfiei-os na carteira, pintei os lábios de vermelho e pus um sopro do meu melhor perfume, soltei o cabelo comprido e trinquei metade de uma maçã. Saí do quarto. Aquele quarto entendia-me. Todos os quartos me entendiam ultimamente, o ar parado, os mesmos lugares e os mesmos cheiros, os teus olhos de amêndoa em todas as paredes. Preciso de sair, devorar a liberdade, aprisiona-la em mim. Emma Johnson, Emma Johnson…
Sento-me na mesa do café, preta como eu estou agora, ouço o dançar das teclas de um piano desconhecido, escorre pelas colunas como a água pela rocha onde nasce. Lembro-me das tuas mãos à volta do meu pescoço, dos teus lábios perto de mim, a darem-me a esperança da tua devoção eterna. Emma Johnson, quem foste tu? Agora que me obrigas a vestir de preto, agora que não te verei nunca mais, quero saber quem és. Exijo saber quem és, agora que as teclas do piano que costumavas tocar para mim já de nada me servem, agora que o café já a nada me sabe. A minha única ajuda reside nos cigarros que respiro na expectativa de trazerem algo de ti escondido no seu fumo, na esperança de que ainda vivas no arder da ponta de um deles e de te poder voltar a ter dentro de mim.
O vapor que se eleva – agora do café já quente – tem tanto de alegórico como a tua aparição em mim. Acordo da pancada, levanta a pálpebra, contrai a pupila, ergue-se o corpo e aqui estou eu. Emma quê…?
To Be Alone With You - Sufjan Stevens (clicar para ouvir)
domingo, 27 de dezembro de 2009
Stay on my side tonight.
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Volta.
Umas mãos fortes e uns dedos ósseos a agarrarem-me com força, uma língua a calar-me de uma vez e a tentar arrancar-te de mim, uma respiração sem fôlego a tentar tirar-me o coração e nada: sinto-me ainda mais vazia quando abro os olhos e percebo que não és tu. Aqueles cheiros perto de mim acabam com todas as minhas hipóteses: nenhum é o teu cheiro, em nenhum deles existe o teu cheiro ou o teu dançar de língua perfeitamente coordenado, em nenhumas daquelas mãos fortes eu sinto a alma fugir-me do corpo, em nenhuns daqueles olhos eu me perco como perdia nos teus e nenhum deles te consegue arrancar de mim, nenhum deles aprendeu a expirar vida para dentro do meu corpo como tu, e nenhum deles tem o dom de me fazer sentir viva apenas pelo simples facto de existir. Eu quero matar-te, quero acabar com toda esta dor que me provocas, mas de todas as vezes que agarro na merda de uns phones para ouvir música eles cantam todos para ti, eles cantam todos a tua triste existência escolha eu que música escolher, de cada vez que leio um livro ou vejo o caralho de um filme a história é tua, de cada vez que passo na rua e os meus olhos se encontram com os de um filho da puta qualquer é a ti que eu vejo, em todo o lado vá eu para onde for, e de cada vez que adormeço para poder acabar com tudo tu apareces outra vez, apareces melhor e mais forte do que nunca para me torceres com mais força ainda, para me fazeres esta ferida doer mais e mais e para me desidratares de forma letal.
Eu tentei muito acabar contigo. Eu quis muito matar-te e acabar com este inferno, mas agora… Podes voltar; eu já não sei deixar de esperar por ti.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
"The End Of Innocence."
You didn't care to know who else may have been here before.
I want a lover, I don't have to love.
I want a boy who's so drunk he doesn't talk.
(Then my mind went dark: You write such pretty words but life's no storybook)
I want a lover, I don't have to love.

