sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Ao Francisco.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Posição Vertical

Há muito tempo alguém me disse que as pessoas não mudam. Não. As pessoas não mudam. Mas em mil quatrocentas e quarenta horas podem transformar-se. Crescer. Verticalizar-se.
E era ver-me magicar a vida feita de planos, de traços em mapas e de linhas rectas, até que se passassem mil quatrocentas e quarenta horas e todos os meus caminhos imaginários se cruzassem e se confundissem, se perdessem e me fizessem – consequentemente – encontrar.
Havia tempos em que me era estranho achar que o Homem era um ser individual e independente e ao mesmo tempo o maior fascínio que nele via serem as suas relações. Mas como dizia Pessoa, primeiro estranha-se e depois entranha-se: a individualidade do Homem é física – dormimos, sentimos e respiramos sozinhos; as relações são emocionais – aprendemos a verticalidade com pessoas mais altas do que nós. E é assim. Não há porquês; só boas sensações.
Mil quatrocentas e quarenta horas é um espaço de tempo que dói: é longo, demorado, e íngreme. Vale a pena.
Havia tempos em que me era estranho ouvir que melhores eram os momentos em que não eram precisas palavras. Mas como dizia Pessoa, primeiro estranha-se e depois entranha-se: a palavra pesa e enche. Há alturas em que é desnecessária.
E era ver-me magicar um plano objectivo, bem desenhado e organizado, até que se passassem mil quatrocentas e quarenta horas e todo o meu trabalho se rasgasse, e – consequentemente – me consertasse.
Mil quatrocentas e quarenta horas é um espaço de tempo duro: não muda pessoas, mas transforma-as, abre-lhes os corações, fá-las crescer e, quando transporta consigo pessoas com grandes almas, consegue a heróica proeza de eliminar as vertigens provocadas pela Posição Vertical.

OBS.
A Fátima Vale, a Ricardo Molar e a Rui Branco.
Aos meus irmãos de carne.
À Casa da Cultura e da Juventude de Amarante.