Na verdade elas não nasciam nos meus olhos, nasciam no meu peito e subiam pelo meu corpo até à sua saída. Escorriam depressa, a dor era demasiada par ser sentida, caíam para a cidade e ninguém reparava, ninguém se lembrava que eu estava ali. A minha mente já não comandava agora os meus movimentos exteriores, só o órgão central o fazia, só ele era dono de tudo. Eu já não era mais aquela montanha erguida, aquela que nunca se inclinaria. A minha pele rasgava-se devido aos cortes dos seixos junto ao rio, a água junto a mim perdia a transparência e ganhava um tom encarnado que se ia fazendo impor e tornando mais vivo. A água que havia sido fresca estava agora quente de dor, o sangue que a tingia era meu e estava repleto de ódio e morte, estava repleto de perda e de agonia. A minha vida fazia sentido ainda, mas aquele momento não, e sempre fui uma pessoa de me guiar pelas emoções momentâneas. A minha vida tinha ainda uma razão mas não era nisso que eu pensava agora, as nossas memórias estavam desvanecidas e hoje estava mais junto ao chão do que a própria terra, hoje a minha queda era visível e a única coisa que o meu corpo produzia eram as lágrimas, as promessas de tudo o que não havia vivido, de tudo o que nunca havia encontrado.
P.S. The tears falling down , Each one a promise of everything , You never found .
sábado, 10 de maio de 2008
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1 comentário:
Adorei.
Espectacular.
Um dos melhores textos que li até hoje.
^)
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