Carregava naquele botão e as luzes e os sons penetravam-me o campo visual e auditivo, os ruídos e barulhos que vinham daquela caixa magoavam-me e as imagens que transmitia ficavam-me gravadas na mente, como uma cicatriz, como uma passagem de um dia antigo.
O meu lar era quente e aconchegante e fazia chuva lá fora, dentro de casa reinava o silêncio e isso só porque as quatro paredes eram isoladoras de ruído. Abria a porta ou carregava naquele botão e a tortura voltava, o céu chorava com mais força e as suas lágrimas, a chuva, por vezes congelava, e era neve fria, e não tinha nada de bonito nem romântico. Tudo o que diziam era que mais uma faca havia assassinado um inocente, que mais uma família havia ficado sem dinheiro para viver, que mais um milhão de pessoas havia morrido ou que mais uma bala havia perfurado a cabeça de alguém, alguém que eu não sabia quem era, e que me tocava somente na parte visível, que me tocava apenas superficialmente.
Bastava-me o facto de carregar naquele botão ou de abrir a porta à noite para ver, ver que mais um jovem tinha álcool em vez de sangue no organismo, que mais uma faca assassinara um inocente, que mais uma estrela lá em cima deixara de brilhar.
O medo apoderava-se de mim porque sempre fora o meu lar, aquelas quatro paredes isoladoras de ruído que me havia guardado e protegido daquele botão e daquela porta que se abria mais e mais todos os dias.
Uma mistura de dor e revolta, já não sei bem, instalou-se dentro de mim. A inocência, essa desvanecia a cada dia e a cada noite, a cada carregar de botão e cada abrir de porta. Era assim, até porque de outro modo não podia ser. Se ainda a tivesse cá fora, a inocência, a única hipótese que me restava era fugir do Mundo e voltar para casa, voltar para dentro das quatro paredes isoladoras de ruído e adormecer, adormecer e não acordar mais.
O meu lar era quente e aconchegante e fazia chuva lá fora, dentro de casa reinava o silêncio e isso só porque as quatro paredes eram isoladoras de ruído. Abria a porta ou carregava naquele botão e a tortura voltava, o céu chorava com mais força e as suas lágrimas, a chuva, por vezes congelava, e era neve fria, e não tinha nada de bonito nem romântico. Tudo o que diziam era que mais uma faca havia assassinado um inocente, que mais uma família havia ficado sem dinheiro para viver, que mais um milhão de pessoas havia morrido ou que mais uma bala havia perfurado a cabeça de alguém, alguém que eu não sabia quem era, e que me tocava somente na parte visível, que me tocava apenas superficialmente.
Bastava-me o facto de carregar naquele botão ou de abrir a porta à noite para ver, ver que mais um jovem tinha álcool em vez de sangue no organismo, que mais uma faca assassinara um inocente, que mais uma estrela lá em cima deixara de brilhar.
O medo apoderava-se de mim porque sempre fora o meu lar, aquelas quatro paredes isoladoras de ruído que me havia guardado e protegido daquele botão e daquela porta que se abria mais e mais todos os dias.
Uma mistura de dor e revolta, já não sei bem, instalou-se dentro de mim. A inocência, essa desvanecia a cada dia e a cada noite, a cada carregar de botão e cada abrir de porta. Era assim, até porque de outro modo não podia ser. Se ainda a tivesse cá fora, a inocência, a única hipótese que me restava era fugir do Mundo e voltar para casa, voltar para dentro das quatro paredes isoladoras de ruído e adormecer, adormecer e não acordar mais.
P.S. " In this farewell , There no blood , There no alibi " .