sábado, 11 de dezembro de 2010

Amor Latente.

Fechei a janela da varanda atrás de mim - onde há uns minutos o cigarro ardera na ponta dos meus dedos esguios - e entrei para o quarto. Tinhas acabado de fechar a tampa do computador, estavas já sem roupa e a deitar-te na cama, a luz principal apagada e a de presença a pintar o teu corpo e todo o espaço de sóbrias sombras que acarinhavam o conforto do quarto. Era Verão, cerca de uma da manhã, olhei para ti, "disse-lhe que a amava e ela não me respondeu... achas que..?"; respiraste fundo, agarraste-me na mão, puxaste-me para a cama onde me fizeste deitar ao teu lado. Encostaste o teu corpo despido contra o meu e abraçaste-me por trás, puxaste o lençol para cima de nós, sei que fechaste os olhos apesar de não o ter visto, sussurraste, "acho que não a amas", e eu ali, pequena e guardada na concha que tu eras para mim sem ter como sair, abraçaste as minhas mãos sem força, respiraste ao meu pescoço como que a pedir-me que descansasse. Como sempre, eras tu e eu independentemente do mundo lá fora. Tinhas razão, eu não a amava, não havia ninguém que eu amasse que não tu.

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito bom!
Podias-me dizer o nome da musica que se ouve?

Vera Matias disse...

Sim, digo. Se me disseres primeiro quem és tu. :)