quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
MmmmMMmmmMMmm.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Homesick.
“Tanta gente a morrer à fome e esta quantidade de sobras do jantar, é pena”. Cada palavra me enjoava ao chegar-me à cabeça e acelerava-me o sangue no corpo, as náuseas tomavam conta de mim e, com força, apertei os punhos contra a mesa para conter o turbilhão que cada um daqueles decibéis produziu dentro de mim. Mas quem és tu afinal? Quem és tu para dizer que é pena? Quem és tu para te vitimizares quando isso nem te acanha, quem és tu para tentar fazer de umas palavras de merda uma hipotética boa acção? O que é que tu fazes contra isso para teres a lata de dizer que é pena?
Estou cansada de vocês apenas, cansada e doente desta hipocrisia constante que não se desintegra faça eu o que fizer, deste fingir que se apoderou de vocês e me tenta transformar também a mim de dia para dia, estou cansada de representar num palco que nunca me deram a escolher – estava lá para mim apenas e eu não tinha opção. Ninguém tem o direito de viver por mim – eu não sou quem vocês pensam, não tenho o amor que vocês sonharam para mim nem sou o fantoche que vocês podem manipular para viver o que vocês não viveram e para ser o que vocês não foram. Pedir-vos-ia desculpa noutra altura, mas não agora – não quando, de dia para dia, percebo que afinal o mundo é feito para as pessoas más e que vocês não são excepção.
sábado, 9 de janeiro de 2010
domingo, 3 de janeiro de 2010
(Só tu) me vês.
João Paulo nunca tinha gostado de praia, mas naquele fim de tarde nada disso importava, baixou-se e encostou o joelho à areia húmida e sentiu-a colar-se à sua pele, agarrou na mão de Alice e beijou-a, dedo por dedo, depois a palma, depois o anel que lhe tinha oferecido há vinte e três anos atrás. Encostou a mão dela ao seu peito a explodir, não lhe largou os olhos por um segundo, “Hoje é oficial, Alice, queres casar comigo?”. Ela sabia-o, sabia-o desde o momento em que se tinham cruzado pela primeira vez mas naquele fim de tarde nada disso importava, naquele momento tudo era novo e assustador, os seus olhos quiseram chorar, a sua língua quis falar e dizer-lhe tudo, quis bater-lhe com força e gritar alto com ele, quis saltar de alegria e tremer de medo ao mesmo tempo, quis dizer-lhe que o odiava e que o amava mais do que tudo na vida, “Sim, quero. Sim, sim, sim”, ela sabia-o, Alice e João Paulo estavam casados desde a primeira vez em que as suas mãos se entrelaçaram, Alice e João Paulo eram um só desde a primeira vez.