quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

De Comboinho...

De comboinho começou a viagem.

Só agora chegámos ao destino. Começou há tanto tempo, esta pequena grande viagem, em que partimos juntos à descoberta de um mundo só nosso. Viagem esta que parecia não ter mais fim.
Mas teve um, e hoje chegou. Chegámos ao destino, aquele que um dia imaginámos não ser assim, mas talvez o melhor de todos os destinos de sonho.
Foi de comboinho que tudo começou. De comboinho que tudo se passou, e de comboinho que tudo terminou. É isso mesmo, de comboinho.

Hoje encontrámos aquilo que nos uniu durante esta viagem, o mais forte de todos os sentimentos, a mais pura de todas as uniões. És o único companheiro de viagem que quero para mim, sempre estiveste ao meu lado quando o barco estava prestes a ir ao fundo.
E és o único que o conseguiu trazer para cima, o único que fez com que esta fosse a melhor de todas as viagens que já fiz.
E apesar de ser um destino, prefiro chamar-lhe de visita, não de local de fixação, pois isto é apenas o começo, o melhor começo de todos os que já começamos.
Porque hoje percebi, e sei que tu também, que esta viagem só fez e fará sentido se a fizermos juntos. Chegámos ao destino, ao melhor de todos os destinos. Ao único local onde é possível sermos Um, não da forma que um dia no início da viagem fomos, mas Um daqueles bem fortes, que Um será eternamente.

De comboinho começou a viagem.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Hoje...

Hoje, depois de tanto tempo, voltei a sorrir.

Nem sei bem porquê, nem sei bem se de um sorriso se tratou. Mas pelo menos soou a um.
Hoje percebi que Tu, não és o princípio. Porque nasci sem Ti. E vivi muito tempo sem Ti. E fiz tanto de bom sem Ti. E percebi que também não és o fim, pois hoje, depois de tanto tempo, voltei a sorrir.
E hoje, foi um sorriso aberto. Não daqueles forçados que tento fingir todos os dias, que tento mostrar serem verdadeiros. Hoje foi diferente. Foi um sorriso que veio do fundo do coração.
Porque hoje percebi, que não és o princípio nem o fim de tudo, como um dia havia dito. És somente alguém, tão perdido quanto eu, tão deixado quanto eu.
E percebi também, que nada se faz de um princípio e de um fim, porque um dia quando tudo acabar, vou desintegrar-me e ser outra vez parte da Terra.
Porque tu não és nada, e muito menos um Fim.

Hoje, depois de tanto tempo, voltei a sorrir.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Acreditar...

Acreditar.
Algo tão fácil de fazer, e tão fácil de arrepender. Muitas vezes tenho medo e então, nesses momentos, não acredito mais. Porque acreditar trás dor, e trás perda, porque nada é para sempre e quando acreditamos, pensamos que assim o é. Acreditar em sonhos que nunca se tornarão realidade, acreditar que é possível tocar o céu, acreditar na paixão de todos os corações, acreditar na paz do mundo, acreditar num Deus.
Tenho medo, e sei que muita gente também o tem, de acreditar. Porque dói tanto, quando depois de acreditar, e de me entregar, tudo desaba, tudo acaba. É difícil superar a falta de ar, a desilusão causada pelo simples facto de um dia termos acreditado.
Mas acreditar é um "se" da Vida, e esta está repleta de "ses", que têm de ser ultrapassados. Acreditar, palavra difícil de explicar.
Mas acredito que um dia, conseguirei acreditar sem medo.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Consciências...

Falando de consciência, do que realmente importa e do que é verdadeiramente indispensável.
Tenho medo. Por vezes tenho mesmo medo. Medo de mostrar quem sou.
Não de dizer que sou a Vera, de dizer a minha idade, a minha morada ou os meus interesses. Mas medo de mostrar o meu Eu, talvez até tenha medo de mim.
Medo de não ser aquilo que quero, medo de que as minhas expectativas estejam erradas, e aí tudo desabe.
Tenho medo, e a palavra certa é mesmo esta. Medo de me refugiar demasiado em alguém como um dia o fiz, e de depois não ser mais capaz de sair. Medo de me mostrar até ao fundo, de me entregar e depois a fuga ser impossível. Sim, é mesmo isso que tenho, tenho medo.
Porque um dia entreguei-me, entreguei-me mesmo de corpo e alma, e é só nessa gente que confio. Apenas nessa gente, porque é merecedora da minha entrega total. Merecedora de mim, do que sou mesmo, do que me vai dentro, e só essa gente sabe o que penso até ao fundo, até às entranhas mais profundas, que por vezes nem eu conheço. Só essa gente, que ri e chora comigo. Dentro de mim, nas minhas veias que um dia congelaste, ainda corre sangue, e agora está quente, porque essa gente está aqui. E está agora como vai estar amanhã, como vai estar depois, e como vai estar quando morrer. Porque só essa gente me vê como sou, e não pelo que mostro ser. Aquilo que é invisível aos olhos, aquilo mais ninguém vê porque eu não quero. Porque eu não preciso.

Era impossível viver sem me entregar, sem vos ter aqui. Era impossível, pois um dia, quando tudo desabasse, não iria ter onde chorar e aí, até viver seria inútil.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Novidades...

Hoje foi um dia diferente. Aparentemente igual, acho que qualquer pessoa normal acharia o mais comum dos dias. Mas para mim foi diferente.
Segunda-feira, início da semana. A rotina recomeça, e toda a gente faz o mesmo. Talvez seja por isso que existem suicídios, as pessoas fartam-se de quem são, porque não vivem, mas sobrevivem, e isso por vezes torna-se frustrante. A rotina, a monotonia, cansam. E é de pequenos pormenores iguais aos de hoje, que vejo a importância de um dia diferente, o prazer que me proporciona uma novidade.
Hoje, no intervalo da manhã, fui para o sítio do costume. E encontrei as pessoas do costume, e as conversas do costume. E vi que apesar de igual, para mim este dia era diferente, pois foi o único de muitos outros em que reparei na importância daquela gente na minha vida. Porque eu já não consigo viver sem esta rotina, sem esta monotonia chata. É a minha vida, e não me canso dela. E são dias como este, aparentemente iguais, mas totalmente diferentes, que fazem a diferença.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Não esperes mais...

Hoje, depois de tanto tempo fechada no escuro, abri finalmente a janela. E doeu, não posso mentir agora, doeu muito.
Estava tão habituada à escuridão, ao sombrio e ao frio, que abrir a janela foi para mim um facada nas costas. Os meus olhos derramaram lágrimas, a minha pele arrepiou-se, e doeu.
Doeu muito.

Havia nevoeiro e chuva, e frio outra vez, tal como no interior do meu quarto. Era tudo muito parecido ao que estava habituada. Mas era dia.
E os raios de Sol, apesar de fracos e cansados, conseguiam penetrar a tempestade. E eu percebi que o meu quarto, era um lar para mim, como as trevas o são para os monstros. Porque era nisso que eu me transformava dia após dia, estava a enlouquecer. E foi então que à luz dos raios de Sol, consegui avistar um pequeno pedaço de coração dentro de mim. E doeu, doeu muito.
Eu pensava já não ser mais que um vulto, que um farrapo velho sem vida. Mas ali, olhando pela janela, e com a luz dos raios de Sol, percebi que a Felicidade está mais perto, está ali mesmo ao virar da esquina, e que tu fantasma, desaparecerás muito mais rápido com a ajuda de todos esses anjos do dia, que estiveram sempre à minha janela, esperando que um dia, docemente eu a abrisse para eles.

Doeu, doeu muito. Mas a espera também doi.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Sinónimo de Posse...

Hoje foi mais um dia, como tantos outros, mais um dia em que fui outra vez eu, a pessoa de todos os dias.
E agora cai a noite, e vejo a lua lá no fundo, bem distante.
E tu regressas, nesta noite igual a tantas outras, como um fantasma, que não vejo mas sinto, e trazes-me tudo o que foi doce de volta, e saboreio, no meio da amargura que me consome todos os dias, tal como hoje, que foi mais um como tantos outros.
E tu oh fantasma que me assombras, e que em todas as noites me trazes desespero e me tiras o ar, sai de mim agora e para sempre. Sou um vulto caído no chão, sem forças, numa rua mal iluminada pelos pequenos raios de luz de uma janela que me fechaste um dia, e que não se voltou a abrir para mim. Porque sem te ter, sem te ver neste vazio, continuo a sentir-te e a cheirar-te, tal como no dia em que te conheci.

Oh fantasma, vai, sai de mim agora e para sempre.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Retroceder/Avançar ( Viver )

É tempo de mudança, de transformação, de metamorfose talvez. Não é uma nova vida, como havia dito um dia, mas uma nova fase, um novo momento.Não há coisas boas nem más, apenas novas e mudadas das que conheci noutros momentos, noutras ditas fases. E talvez venha a ter saudade do que passou, mas a verdade é que passou, e não vou viver em função do presente de ontem, porque hoje é isso mesmo, o presente de ontem, o passado.E em sonhos vou recordar muitos desses momentos, porque foram marcantes. Nem bons nem maus, apenas marcantes, e irão permanecer para sempre, como uma cicatriz de um acidente, que não desaparecerá nunca. Sim, porque até certo ponto, muitas das coisas que lembro foram um acidente, que me magoaram em muitos aspectos, mas que me ensinaram a olhar para hoje como se fosse o último de todos os dias de uma vida, cheia de fases, mudanças, e descobertas.

Visões

Abri os olhos, e estava frio. Acordei, mas queria voltar a dormir, porque hoje era mais um dia, e todas as emoções iam voltar, todos os sentimentos iam renascer novamente, hoje porque era mais um dia.
Mais um como tantos outros. Em que o Sol já não brilhava há séculos, e o frio era tão intenso. Frio este, que não se vai embora, acho que veio para ficar. Sentia-me um autêntico reptil, a temperatura ambiente afectava-me o sangue, e o gelo corria-me nas veias, o coração perdera as forças para bombear o sangue mais um vez. E tudo parou nesse momento, tudo me passou á frente, os abraços aos amigos, as longas conversas e desabafos, os passeios, as festas, os momentos simples e marcantes.
Agora já nada é o que era. O Sol já não brilha, e tudo vai ficar congelado para sempre, porque tu és o príncipio e o fim de tudo, e já cá não estás..

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Pormenores.

Ela olhou para ti e achou-te lindo, dos pés à cabeça, achou-te perfeito em
todos os sentidos e nunca mais te foste embora. Eras tão grande por dentro e por
fora, tão especial, tão diferente, mas tão banal à vista dos outros. Mas quando
ela olhava para ti, toda a cor se esbatia e o Sol, esse iluminava-lhe o coração,
o peito reluzia, mesmo na mais escura de todas as noites de Inverno.
Era
como estar na presença de um Deus, perfeito, poderoso. Simples gestos lhe
ficavam gravados na memória, como se nada mais existisse na sua vida. Não haviam
palavras, o seu olhar profundo dizia tudo, e por vezes, a dor era insuportável.
Tocava-lhe mesmo no fundo, em gritos de desespero pela tua luz, meu amor. Tu não
sabes, não consegues compreender o seu desespero infinito, que a prendia a ti. E
no momento em que te ofereceste, ela entrou num mundo novo, mundo esse que a
fizeste criar, mas que não existe. Mundo em que o mar é rosa, e a terra azul, em
que tu e ela vivem em puros momentos de amor, momentos que lhe deste em vão,
momentos em que bocas se tocam e exploram o rosa do mar. Momentos esses que ela
guarda com sofrimento, dor, e perda, pois agora o mar é outra vez azul e a terra castanho seco.